A primeira atitude para um ensino reflexivo é a mentalidade aberta, para
tanto o docente deverá saber ouvir; saber falar; aceitar o erro e examiná-lo e
refletir sobre a melhor maneira para a concretização desses ideais. (Garcia,
1992)
Eu acho
que... Brincadeirinha (risos)! Não é assim que vou
começar este texto! Apesar de ser uma introdução significativa, pois, na
maioria das vezes que vemos alguém citar este início de frase, significa que
fez uma breve reflexão. Porém basear-se em achismos
numa área tão complexa que é a atuação docente seria, no mínimo, irresponsável.
Há a necessidade de um embasamento teórico para esta prática e, certamente, estudos
acadêmicos, atualizações e treinamentos fazem parte desta formação.
Porém as situações problemáticas
que surgem no dia a dia não podem ser resolvidas apenas com a teoria que,
apesar de ter seu merecido valor, não é suficiente quando se trata da prática.
Shön (1997) faz esta crítica aos atuais currículos, e valoriza o conhecimento
que vem da prática aliada à reflexão. Segundo este autor a reflexão ocorre
antes e depois da ação. Podemos, então, fazer um paralelo com o que diz Paulo
Freire em sua obra Pedagogia do Oprimido
acerca deste assunto quando ele, o autor, parte de uma experiência concreta
para desenvolver uma metodologia dialética: ação->reflexão->ação.
Deixe-me “abrir parênteses” já que o citamos: já tivemos conhecimento de
estabelecimentos de ensino que, com a intenção de fazerem merchandising, colocaram cartazes “Aqui trabalhamos com o método
Paulo Freire” como se Freire tivesse produzido uma receita pronta para educar
quando, na verdade o que ele nos deixou foi a consciência da importância da
reflexão para a educação, pois sem ela voltamos aos moldes antigos da escola
tradicional onde se formavam repetidores de conceitos e não pessoas autônomas
com capacidade de deliberar.
Os estudos de Maurice Tardif
(2000) mostram, em outras palavras, que, ou os professores são vistos como
técnicos que aplicam em sala tudo o que aprenderam com seus professores que,
por sua vez, aprenderam com os seus e desta forma em diante, sempre passando
para seus alunos o que lhe foi ensinado sem questionamentos ou, de outro lado,
são vistos como agentes sociais e, portanto, têm a função de disseminar a
cultura da classe dominante bem como sua ideologia. As duas formas tiram a
autonomia deste profissional mostrando-o como uma peça de encaixe de um
quebra-cabeças chamado alienação.
A prática da docência não se
resume em aplicar os conhecimentos adquiridos, como diz Tardif, ela passa a ser
também um ambiente de aprendizagem. Muitas são as necessidades de cada aluno,
de suas respectivas famílias, da comunidade onde ele vive e nesses ambientes
aprendemos que, mesmo com todo o planejamento, nem sempre os objetivos
programados levam a um fim proveitoso, neste caso tomaremos como referência o
que diz Zeichner (1993) para fazermos uma autoavaliação: não se pergunte quanto
ao alcance dos objetivos, e, sim, se questione: “Gostei do resultado? ”